O lixo doméstico ainda está longe de ser reaproveitado, entretanto com a capacidade esgotada, os lixões já não conseguem mais absorver a quantidade produzida pela população. Os resíduos orgânicos, como restos de comida, podem ser utilizados como adubo na produção agrícola. E uma das maneiras de se fazer isso é por meio da construção de composteiras em propriedades rurais, e até mesmo em residências urbanas.
O processo é simples. Para o produtor que possui espaço e tem lixo orgânico de sobra, basta apenas construir leiras trapezoidais ou piramidais no solo, intercalando palha e esterco até formar uma pilha de 1,20 metro. Para quem tem uma área limitada, a construção de uma composteira de alvenaria é a melhor opção.
Desta forma a composteira não forma cheiro, pois se trata de um processo aeróbio. Caso isso aconteça é porque há algum problema, como excesso de umidade ou falta de oxigênio no interior da leira causada pela compactação do material. Além disso, como não há odor, não há o surgimento de animais ou insetos, somente aqueles responsáveis pela decomposição da matéria orgânica.
O tempo médio de compostagem da leira varia de três a quatro meses dependendo das condições ambientais e das características dos materiais utilizados. O composto orgânico produzido pode ser reaproveitado em hortas, jardins, lavouras e no pasto. Além de adubo, o material serve como condicionador do solo.
PREPARO DO COMPOSTO EM GRANDE ESCALA EM FORMA DE PILHAS
Prepara-se o composto formando-se pilhas diretamente sobre o solo. As pilhas são constituídas por camadas de restos vegetais intercaladas de meios de fermentação. A montagem da pilha (monte, meda ou leira) deve ser feita preferencialmente em terreno levemente inclinado para evitar que a água empoce na época das chuvas. O local escolhido deve ficar localizado próximo à uma fonte de água para facilitar a irrigação. O preparo, sempre que possível, deve ser feito onde se encontra a maior quantidade de matéria-prima ou próximo de onde vai ser instalada a cultura a ser adubada com o composto.
Escolhido o local, demarca-se no chão uma área de 3 a 4 metros de largura, deixando-se um espaço para um comprimento indeterminado, que poderá variar de acordo com a disponibilidade de material a ser compostado no momento, Havendo mais matéria-prima depois de algum tempo pode-se formar uma nova pilha (maior), ou prolongar à anterior. A largura da pilha pode ser de 2 a 2,5 m e o comprimento é variável.
Quanto à forma das pilhas, recomenda-se para as estações chuvosas, que se montem as pilhas com formato triangular com o ápice ligeiramente arredondado, para favorecer o escorrimento da água. Em outras estações, as pilhas podem ter formato trapezoidal, que ao contrário, facilita a infiltração de água se isso for conveniente, e é também, o formato que tornam as pilhas baixas e largas. Uma dica para que as pilhas fiquem com dimensões semelhantes, na base e na parte superior, é começar cada camada pelas laterais, como se fosse fazer um alicerce e depois preencher o centro da leira.
Na área demarcada dispõe-se uma camada de gravetos para servir de suportes, sobre a qual coloca-se uma camada de 15 cm de materiais misturados e classificados como restos vegetais. Quanto mais variados forem estes restos menor será a tendência à compactação, o qual é mais intenso quando se emprega um só tipo de restos. A medida que se completa a formação de cada camada, deve ser feita a irrigação preferencialmente com chuveiro com furos finos. Completada a formação da primeira camada de restos vegetais, dispõe-se sobre esta uma camada de meios de fermentação com cerca de 5 cm de espessura. Deve-se guardar uma proporção de três volumes de restos vegetais para um de meios de fermentação.
A formação de pilham deve prosseguir alternando a camada de restos vegetais com a de meios de fermentação e irrigando-se, sem encharcar ou deixar escorrer água pela base do composto. As camadas deverão formar uma pilha com 1,5m de altura ou no máximo 1,8 m. Os materiais devem ser colocados sem serem compactados ou pisoteados, procurando-se ter o máximo de espaços vazios, para garantir arejamento ao composto.
Observando-se essas condições, a fermentação produzirá calor e a temperatura se elevará, sendo esta a primeira indicação do início da compostagem. Na falta de um termômetro, pode-se utilizar uma barra de ferro para acompanhar o desenvolvimento de calor no composto para se ter uma idéia de quando se inicia a fermentação. Introduz-se uma barra de ferro na pilha, remove-se a barra e apalpa-se a uma distância de cerca de 40cm de extremidade. Se o operador conseguir manter a mão firmemente na barra, a temperatura do composto estará inferior a 50ºC (fase mesófila); se não for possível suportar o calor da barra de ferro a temperatura estará acima de 50ºC (fase termófila). A temperatura considerada ótima para a decomposição de restos vegetais é de 55 a 65ºC.
Recomenda-se revolver a pilha, misturando-se as camadas de restos vegetais e meios de fermentação; é que neste ponto os microrganismos das camadas de meios de fermentação já se multiplicaram e irão agora inocular a massa de restos vegetais. É importante que durante o revolvimento proceda-se a irrigação do composto, pois agora os restos, em fase de decomposição absorverão melhor a água. O revolvimento tem por finalidade homogeneizar o composto, permitir a irrigação mais perfeita e dar boas condições de arejamento, pois com o tempo a pilha tem a tendência de se compactar reduzindo sua altura em até um terço da original.
Recomenda-se que sejam feitos, ao longo do processo, de três a cinco revolvimentos, dependendo da textura do material utilizado, pois materiais mais grosseiros necessitam maior número de revolvimentos. Estes são realizados em intervalos de 25 a 30 dias, logo após o início da diminuição da temperatura, ou quando se notar a necessidade de fazê-los, por excesso de umidade, mau cheiro, presença de moscas, etc. A compostagem é um processo que ocorre sem exalar mau cheiro e sem atrair moscas. Se isso estiver ocorrendo, basta revolvê-lo mais vezes, sem irrigá-lo, até que a fase de putrefação instalada, responsável por esses inconvenientes, desapareça.
PASSO A PASSO DO PREPARO DO COMPOSTO EM RESIDÊNCIAS URBANAS EM COMPOSTEIRAS
1- Inicialmente deve-se adquirir três caixas de plástico empilháveis e com tampa, respeitando as seguintes dimensões 30 x 40 x 15 cm de altura para famílias com até duas pessoas e 45 x 60 x 30 cm de altura para famílias com até cinco pessoas.
2- Fure o fundo de duas caixas com buraquinhos de aproximadamente meio centímetro de diâmetro.
3. Em uma das caixas furadas, coloque um pouco de terra e as minhocas (cerca de meio litro), e enterre o material orgânico (úmido) misturado com o dobro de material seco. Quanto mais picadinho, mais rápido o húmus ficará pronto.
4. Empilhe as três caixas e tampe. A vasilha furada deve ficar em cima, a cheia no meio e a sem furos embaixo, para armazenar o chorume gerado durante a compostagem. Como esse líquido é rico em nutrientes, também serve para adubar as plantas. Basta usar na rega ou borrifá-lo sobre as folhas a cada 20 dias.
5. Empilhe as três caixas e tampe. A vasilha furada deve ficar em cima, a cheia no meio e a sem furos embaixo, para armazenar o chorume gerado durante a compostagem. Como esse líquido é rico em nutrientes, também serve para adubar as plantas. Basta usar na rega ou borrifá-lo sobre as folhas a cada 20 dias.
6. Quando a caixa do meio se encher completamente, passe-a para cima e coloque a que estava em cima no meio. As minhocas ficarão no andar superior, trabalhando para produzir o húmus, enquanto você torna a despejar o lixo orgânico na caixa vazia. E o chorume escorrerá nela, deixando o adubo da caixa de cima sequinho. As minhocas passarão pra baixo. Após 50 dias, tudo terá virado adubo. Sua composteira está pronta. As minhocas não sairão da caixa para dar uma voltinha pela sua casa, visto que elas não gostam de luz e tendem a se esconder quando a tampa da composteira é aberta.
Figura 1: Formação de uma pilha de compostagem alternando com palhada e compostos orgânicos.
Figura 2: Composteira de formato trapezoidal e seus principais constituintes.
Figura 3: Pilhas em formato triangular.
Figura 4: Composteira doméstica.
Figura 5: Formato universal da composteira doméstica.
Figura 6: Passo a passo da constituição da composteira.
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