segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Controle da Cochonilha do Carmim na palma forrageira cultivada no semiárido nordestino

O nordeste brasileiro apresenta uma grande área cultivada com a palma forrageira, da família das cactáceas, onde a sua principal utilização é na pecuária, principalmente na época estiagem onde está se tornando a principal fonte alimentício dos rebanhos de bovinos, ovinos e caprinos. Como discutido em postagens anteriores são cultivadas basicamente duas variedades de palma mais cultivadas são a palma miúda ou doce (Nopalea cochenillifera(L)SD.) e a palma graúda (Opuntia ficus-indica Mill.), onde ambas são oriundas do México.  
A área cultivada com palma no semiárido nordestino é superior aos 500 mil hectares, onde apresentam características de fundamental importância para a pecuária como a grande capacidade de adaptação a região semiárida, rusticidade e a longevidade, bem como a grande aceitabilidade pelos animais ruminantes.
As cactáceas forrageiras são espécies bem adaptadas as condições adversas do Semiárido,por conta de sua fisiologia caracterizada pelo processo fotossintético denominado metabolismo ácido das crassuláceas (CAM) , estas plantas a noite abrem os estômatos que permitem a entrada do CO2, que fica armazenado temporariamente em ácido málico, sendo consumido nas reações fotossintéticas do dia seguinte. A redução do CO2 na fotossíntese ocorre sem a troca de gases com a atmosfera consequentemente sem perda de água. Além desse comportamento fisiológico a palma apresenta raízes superficiais que penetram normalmente, até oitenta centímetros de profundidade no solo e atingem vários metros de extensão formando verdadeira rede capilar, com elevada capacidade de absorção da água do solo.
Apesar de apresentar inúmeras características benéficas, existe uma praga que é motivo de grande preocupação, que é a cochonilha do carmim, muito embora a palma forrageira apresenta uma elevada variabilidade genética, fazendo com que algumas pragas não tenham alcance em todas as espécies cultivada. Muito embora a doença surgiu de forma inesperada, visto que a introdução da palma tinha como principal objetivo a produção de um corante natural, denominado carmim, que por sua vez seria utilizado na indústria alimentícia e de cosméticos. 
Entretanto ainda não se sabe ao certo como se deu a introdução da cochonilha no país. Os primeiros relatos de danos à palma forrageira ocorreram no Município de Sertânia, PE, em 1998. Segundo o Ministério da Agricultura, devido à especificidade das cochonilhas e, em particular, o fato de que D. opuntiae só ataca cactáceas do gênero Opuntia (Redonda e Gigante), é interessante a introdução de Nopalea cochenillifera (palma miúda ou doce) e de variedades do gênero Opuntia resistentes à praga nas áreas onde a cochonilha se mostre mais agressiva (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2012). Existem suspeita que houve a introdução errônea da espécie Dactylopius opuntiae ao invés da correta, D. coccus para a produção de corante natural (carmim cochonilha) em escala experimental, desencadeando assim grandes problemas com a conhecida doença cochonilha do carmim.
Essa praga apresenta-se como pequenos tufos brancos imóveis, parasitando raquetes de palmas do gênero Opuntia. Os tufos são constituídos por uma secreção cerosa que contêm finos filamentos produzidos pelo inseto, protegendo-o de predadores. Levantamentos atuais identificaram a praga em Pernambuco, na Paraíba e no Ceará. Existe o risco de se espalhar para os Estados do Rio Grande do Norte e Alagoas, daí atingindo a Bahia.
Figura 1: Palma atacada pela cochonilha do carmim.
Figura 2: Raquetes atacadas pela cochonilha do carmim. 
Figura 3: Cochonilha do carmim ocasionando a morte do palmal. 
Ações de controle
O controle de trânsito: é a principal forma de disseminação da cochonilha, ocorrendo por meio de raquetes infestadas, devido o comércio de raquetes ser uma prática comum. O controle do trânsito da palma de locais infestados torna-se uma ferramenta bastante importante de controle da praga, tornando assim o transito interestadual restrito. Apenas propriedades certificadas podem comercializar raquetes e mudas para fora do estado. Para transito interestadual é exigido o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) emitido por um responsável técnico e para o transito interno de raquetes é de responsabilidade do órgão de defesa agropecuária de cada estado.
Controle com inimigos naturais: as cochonilhas podem ser controlados por joaninhas, que por sua vez são predadores vorazes, entretanto o ambiente do semiárido torna-se inóspito para o estabelecimento de populações de inimigos naturais para exercerem o controle biológico da cochonilha do carmim.
Uso de variedades resistentes: devido a grande especificidade das cochonilhas, em especial a D. opuntiae que ataca somente as cactáceas do gênero Opuntia, sendo necessário a introdução do gênero Nopalea cochenilifera e de variedades do gênero Opuntia resistentes à praga nas áreas onde a cochonilha se mostre mais agressiva.
Controle químico: essa forma de controle torna-se dificultado devido o baixo nível tecnológico dos produtores e pela ausência de agrotóxicos registrados a cultura. Algumas pesquisas mostram aplicação de sabão em pó, água sanitária e outras alternativas apresentam resultados satisfatório.
Táticas de manejo cultural, como a poda e catação de raquetes caídas e o controle mecânico nos focos iniciais podem e devem ser conjugados, garantindo assim maior eficiência. 

Bibliografia consultada
GERALDO PEREIRA DE ARRUDA FILHO & GERALDO PEREIRA DE ARRUDA. Manejo integrado da cochonilha Diaspis echinocacti praga da palma forrageira em Brasil. Manejo Integrado de Plagas y Agroecolog.a (Costa Rica) n. 64, p. i-vi , 2002.
Magno J. D. Cândido et al. Cultivo de palma forrageira para mitigar a escassez de forragem em regiões semiáridas. Informe Rural, ano VII, n.3, 2013.
Formulários de Espécies incluidas no Regime de Proteção. Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/vegetal/Importacao/Requisitos%20Sanit%C3%A1rios/Rela%C3%A7%C3%A3o%20de%20Pragas/Cochonilha%20do%20Carmim%20na%20Palma%20Forrageira.pdf>. Acessado em 06 de janeiro de 2014.

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