quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Cultivo da palma forrageira no estado do Rio Grande do Norte

A palma tem grande capacidade de armazenar água, é rica em energia e de fácil digestão. Além disso, os animais a apreciam muito. Ao longo dos anos, o sertanejo se acostumou a contar com ela. Para se ter uma idéia, o Brasil tem hoje a maior área plantada do mundo, cerca de 600 mil hectares, a maioria cultivada com a espécie Opuntia ficus indica, mais conhecida como palma gigante, de origem mexicana. A produtividade, porém, é baixíssima: cerca de 40 toneladas por hectare. No México, país de origem da espécie, os agricultores conseguem colher até 400 toneladas, ou seja, dez vezes mais. Fazer análise de solo também ajuda nos tratos culturais, porque a palma não se dá com a terra ácida e salina. O plantio é feito com as raquetes da planta, que devem ser grandes, viçosas e sadias. Elas ficam de dez a 15 dias repousando à sombra para desidratar, depois são plantadas dentro de sulcos que ajudam a reter a água. A adubação química, principalmente com fósforo, e a orgânica são feitas dentro dos sulcos. As raquetes são colocadas bem próximas umas das outras para aproveitar melhor o espaço. No caso da palma gigante, a distância é de nove centímetros. Para aumentar ainda mais a produtividade, depois de desidratadas para não queimar, as raquetes são alinhadas de frente para o sol, para acelerar o processo de fotossíntese e nutrir melhor os brotos que virão.Quando caem as primeiras chuvas, no entanto, o agricultor ainda deve acrescentar uréia nos canteiros em formação. 
A palma é um volumoso rico em energia e capaz de substituir o milho, entretanto é pouco cultivado no Rio Grande do Norte, onde a palma forrageira é apontada como opção para nutrir os rebanhos ovinocaprino e bovino em períodos de estiagem. Para estimular pecuaristas a adotarem esse tipo de ração. A produtividade da palma forrageira irá variar de acordo com o manejo que é adotado no cultivo, onde pode obter anualmente mais de 600 toneladas por hectare, utilizando pouca água. Logo podemos dizer que adotando uma adubação favorável e um bom manejo consegue-se alta produtividade. 
A palma é uma das principais alternativas de produção de alimentos para o semiárido e uma opção para o pequeno produtor, visto que mesmo com pouco recurso se obtém uma produtividade satisfatória. 
Apesar de ser pobre em proteínas, a palma contém um alto teor energético, necessário para os rebanhos. Os ruminantes precisam de energia para ruminar e fazer a síntese da proteína. Durante a estiagem, o principal desafio dos produtores é conseguir fontes de energia para alimentar os animais, e a palma pode ser uma opção, já que se adapta muito facilmente ao clima mais seco. O animal que consome palma in natura requer pouca água para sobreviver em épocas de seca. 
O Rio Grande do Norte pode ganhar um reforço de R$ 10 milhões na luta contra os impactos da seca. O recurso é o valor estimado para a viabilização de um projeto apresentado recentemente ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), onde se tem o objetivo de ampliar os campos de produção de palma irrigada no estado e garantir uma reserva a mais de energia para o rebanho potiguar nos tempos de estiagem.
A palma irrigada não se deve associar à irrigação de outros produtos, como de milho e sorgo. Enquanto para estes alimentos se gasta em média 100 mil litros de água por dia na irrigação de 1 hectare (10 mil m²), para a cactácea não se gasta mais do que 75 mil litros por mês. Enquanto que para a palma são gastos apenas 7,5 litros por metro a cada 15 dias num sistema de gotejamento, em que apresenta elevada eficiência.
O primeiro passo previsto no projeto é fazer uma área de 50 hectares para produzir palma e distribuir raquetes (mudas da planta) para o estado inteiro. A estimativa é de que nesta área, se produza cerca 15 milhões de raquetes por ano. Esta unidade de produção garantirá uma economia considerável para o produtor que, se quisesse plantar por conta própria, pagaria cerca de 40 centavos por cada raquete. Palmais de um hectare levam cerca de 50 mil mudas, o que representaria um gasto de R$ 20 mil.
No projeto, está contemplada a implantação de 100 unidades de 0,2 hectares em pequenas propriedades, com a irrigação e secador solar. A ideia é que estes pequenos agropecuaristas, como vão receber as raquetes através dos recursos federais, assumam o compromisso de repassar a outros produtores 25% do que conseguirem produzir. Assim, estará garantida a capilarização dos palmais em todo o estado.
Ainda se deve testar diferentes formas de captação de água, utilizando barragens subterrâneas, sistema de calçadão (área com captação de água que joga o recuso em uma cisterna) e poços de baixa vazão mesmo que a qualidade da água não seja tão boa.
Um detalhe importante é que estas mudas produzidas nos 50 mil hectares serão de espécies resistentes às pragas que comprometem a produção. Há dois tipos muito comuns de doenças: a cochonilhas-de-escama e a cochonilha-do-carmim. A primeira prejudica em menor proporção, mas a segunda já, praticamente, varreu os palmais de Pernambuco e da Paraíba. A praga é provocada por um inseto (Dactylopius opuntiae) que se alimenta da seiva das plantas e introduz toxinas que podem destruir a palma forrageira em poucos meses se não for combatida rapidamente. 
Uma pesquisa do estado de Pernambuco comprovou que há dois tipos de palmas resistentes a estas pragas, a Palma Orelha de Elefante Mexicana e a Palma Miúda, que já é usada no Rio Grande. A Gigante, presente nas pesquisas anteriores da Emparn, é suscetível e, por isso, não deve voltar a ser usada.
Figura 1: Palma atacada por cochonilha. 
Figura 2: Plantação de palma gigante. 
Figura 3: Palma miúda, resistente a cochonilha. 
Figura 4: Palma Orelha de Elefante, resistente a cochonilha. 
Figura 5: A orientação do plantio de palma deve ser de frente para o sol. 


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